Distúrbios do Sono
Distúrbios do sono são alterações na capacidade de dormir adequadamente, seja por alterações cerebrais, por desregulação entre o sono e a vigília, alterações respiratórias ou por transtornos do movimento, e alguns exemplos comuns são insônia, apneia do sono, narcolepsia, sonambulismo ou síndrome das pernas inquietas.
Existem dezenas de distúrbios do sono, que podem surgir em qualquer idade, e são mais frequentes em crianças ou idosos. Sempre que existirem, estes distúrbios devem ser tratados, pois quando persistem podem afetar gravemente a saúde do corpo e da mente. Entenda por que precisamos dormir bem.
Caso surjam sintomas de alterações do sono, o profissional mais indicado para diagnosticar e tratar a causa é o médico especialista do sono, no entanto, outros profissionais como clínico geral, médico de família, geriatra, psiquiatra ou neurologista podem avaliar as causas e indicar o tratamento correto na maioria dos casos.
Os tratamentos dos transtornos do sono dependem da causa, sendo normalmente indicada mudança nos hábitos noturnos, psicoterapia ou medicamentos, incluindo o uso de produtos naturais, como a melatonina, que deve ser prescrita pelo médico.
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1. Insônia
A insônia é o distúrbio do sono mais frequente, e pode ser caracterizado por dificuldade em iniciar o sono, dificuldade em manter o sono, despertares durante a noite, despertar cedo ou mesmo ser identificada devido a queixas de sensação de cansaço durante o dia.
Ela pode surgir isoladamente ou ser consequência do estresse ou de uma doença, como depressão, alterações hormonais ou doenças neurológicas, por exemplo, ou ser provocada por certas substâncias ou remédios como álcool, cafeína, ginseng, tabaco, diuréticos ou alguns antidepressivos.
Além disso, em muitos casos, a insônia é provocada simplesmente pela existência de hábitos inadequados, que prejudicam a capacidade de dormir, como não ter uma rotina para dormir, estar em um ambiente muito luminoso ou barulhento, comer muito ou tomar bebidas energéticas à noite. Entenda como o uso do celular à noite atrapalha o sono.
O que fazer: o tratamento para a insônia consiste em melhorar a higiene do sono por meio de hábitos que favoreçam a boa qualidade do sono, o que pode ser feito através de sessões de psicoterapia com técnicas cognitivas-comportamentais ou técnicas de relaxamento, por exemplo. Além disso, o médico pode indicar o uso de medicamentos como benzodiazepínicos, antidepressivos ou anti-histamínicos por um curto período de tempo.
2. Apneia do sono
Também chamada de síndrome da apneia obstrutiva do sono, ou SAOS, esta é uma perturbação da respiração em que ocorre uma interrupção do fluxo respiratório, devido ao colapso das vias aéreas, por 10 segundos ou mais, sendo mais comum de acontecer em homens entre os 40 e 50 anos e em pessoas obesas, que consomem álcool e/ ou possuem alterações no nariz, na boca ou na mandíbula.
Esta doença provoca alterações no sono, ocorrendo uma incapacidade de atingir fases mais profundas, e dificultando o descanso adequado. Assim, pessoas com apneia do sono costumam ficar sonolentas durante o dia, gerando complicações como dores de cabeça, perda da concentração, irritabilidade, alterações da memória e pressão alta.
O que fazer: o tratamento é feito com o uso de máscaras adaptáveis de oxigênio, chamada de CPAP, além de alterações de hábitos como perder peso e evitar o fumo. Em certos casos, pode ser indicada uma cirurgia para correção do estreitamento ou obstrução do ar nas vias respiratórias, causada por deformidades, ou a colocação de implantes.
Veja como identificar e tratar a apneia do sono.
3. Sonolência excessiva durante o dia
A sonolência excessiva diurna é a dificuldade em se manter acordado e alerta ao longo do dia, havendo um excesso de sono, que atrapalha o desempenho das atividades diárias e pode até expor a pessoa ao risco durante a condução de automóveis ou manuseio de equipamentos.
Ela costuma ser provocada por situações que privam a existência de um sono adequado, como haver pouco tempo para dormir, sono interrompido várias vezes ou despertar muito cedo, e também devido ao uso de certos remédios que provocam o sono, ou a doenças como anemia, hipotireoidismo, epilepsia ou depressão, por exemplo.
O que fazer: o tratamento é indicado pelo médico de acordo com a causa do problema, e consiste especialmente em melhorar a qualidade do sono durante à noite. Cochilos programados durante o dia podem ser úteis em algumas situações e, em casos estritamente indicados pelo médico, pode ser recomendado o uso de remédios estimulantes.
4. Sonambulismo
Sonambulismo faz parte da classe de distúrbios que provocam comportamentos inadequados durante o sono, chamadas de parassonias, em que há um alteração do padrão do sono devido à ativação de áreas do cérebro em momentos inapropriados. É mais frequente em crianças, apesar de poder existir em qualquer idade.
A pessoa com sonambulismo manifesta atividades motoras complexas, como caminhar ou conversar, podendo em seguida despertar ou voltar a dormir normalmente. Geralmente, há pouca ou nenhuma recordação do ocorrido.
O que fazer: na maioria das vezes não é necessário qualquer tratamento, sendo que o quadro tende a diminuir a partir da adolescência. Em alguns casos, o médico poderá indicar medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos para ajudar a regularizar o sono.
Entenda o que é sonambulismo e como lidar.
5. Síndrome das pernas inquietas
A síndrome das pernas inquietas é uma desordem neurológica que causa sensação de desconforto nas pernas, geralmente, associada à necessidade incontrolável de movimentar as pernas, e costuma surgir durante o repouso ou na hora de dormir.
Tem provável causa genética, e pode ser piorada devido a períodos de estresse, pelo uso de substâncias estimulantes, como cafeína ou álcool, ou em caso de doenças neurológicas e psiquiátricas. Esta síndrome atrapalha o sono, podendo provocar sonolência durante o dia e fadiga.
O que fazer: o tratamento envolve medidas para diminuir o desconforto e melhorar a qualidade de vida do indivíduo, incluindo evitar o uso de substâncias estimulantes, como álcool, fumo e cafeína, praticar exercícios físicos e evitar privar o sono, pois a fadiga piora o quadro. O médico também poderá indicar remédios como os dopaminérgicos, opioides, anticonvulsivantes ou a reposição de ferro em casos específicos.
Saiba mais sobre o que é e como tratar esta síndrome.
6. Bruxismo
Bruxismo é um distúrbio do movimento caracterizado pelo ato inconsciente de ranger e apertar os dentes de forma involuntária, causando complicações desagradáveis como alterações dentárias, dores de cabeça constantes, além de estalidos e dores na mandíbula.
Esse transtorno é mais comum em crianças, no entanto pode também manifestar-se na vida adulta, podendo ocorrer tanto durante o dia quanto à noite, sendo mais frequente na hora de dormir.
O que fazer: o tratamento do bruxismo é orientado pelo dentista, e inclui o uso de um dispositivo encaixado sobre os dentes para evitar o desgaste, correções de alterações dentárias, métodos de relaxamento e fisioterapia.
Veja mais orientações do que fazer para controlar o bruxismo.
7. Narcolepsia
A narcolepsia é um transtorno crônico do sono caracterizada por ataques repentinos de sono, em que a pessoa pode dormir em qualquer lugar, a qualquer hora do dia, dificultando as atividades do dia a dia. Os ataques podem surgir poucas ou várias vezes ao dia, e o sono costuma durar alguns minutos.
O que fazer: a narcolepsia não tem cura, no entanto, o médico pode recomendar o uso de medicamentos estimulantes ou antidepressivos, além de mudanças nos hábitos de vida, como alimentação saudável, evitar bebidas alcoólicas e tirar cochilos durante o dia.
Saiba mais sobre como identificar e tratar a narcolepsia.
8. Paralisia do sono
Paralisia do sono é caracterizada pela incapacidade de se mover ou falar logo após acordar. Ela surge por um breve período devido a um atraso na capacidade de movimentar os músculos, após o despertar do sono. Durante um episódio de paralisia do sono, a pessoa permanece consciente até conseguir recuperar pouco a pouco a força e o controle dos músculos.
Pessoas com maior risco de desenvolver este fenômeno são aquelas que têm hábitos irregulares de sono, jet lag, estresse, ansiedade e, em alguns casos, doenças psiquiátricas.
O que fazer: a paralisia do sono, geralmente, não requer tratamento, já que se trata de uma alteração benigna, que dura poucos segundos ou minutos. Ao vivenciar a paralisia do sono, deve-se manter a calma e tentar movimentar os músculos. Em casos graves, o médico pode prescrever o uso de antidepressivos tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação de serotonina.